Em entrevista ao SOL, Luis Figo fala da imagem que as pessoas têm de si e da associação do seu nome ao Taguspark, ao BPN e a José Sócrates.Sente-se injustiçado pela imagem que têm de si?
Não me preocupa. Não devo nada a ninguém. Faço a minha vida como quero, tomo as decisões que quero, graças a Deus sou livre para o fazer. O que me importa é o que a minha família pensa, o resto não me interessa. Claro que, quando jogava, me importava mais. Agora, zero.
Foi justamente a pensar na sua família que quis voltar a estudar e, com a sua mãe, tirou o 12.º ano através das Novas Oportunidades?
A minha mãe foi um exemplo para mim! A geração da minha mãe foi difícil. Eram muitos irmãos e ela teve grandes dificuldades para poder estudar. Depois de velha, arranjou força e motivação para acabar a escolaridade. E eu fiz o mesmo.
Foi fácil regressar aos livros?
Não. Quanto mais velho, mais difícil é aprender, mas tive força de vontade porque era uma lacuna que tinha.
Ao longo desta conversa inúmeras vezes falou com um tom irónico...
Sou bastante irónico.
Parte dessa ironia nasceu do facto de, nos últimos dois anos, a sua imagem ter surgido associada a processos em tribunal relacionados com dinheiro e jogos de influências como o processo BPN e Taguspark?
São coisas que revoltam. Escreveu-se muita merda e eu já não tenho idade para suportar muitas destas coisas. Escreveram-se coisas que não são reais. E, como já disse, para se ser credível demora, para deixar de ser é de um dia para o outro. São coisas que magoam e sente-se a injustiça. Mas tem de se deixar andar porque o tempo põe cada um no seu sítio. É uma questão de esperar. Mas dá-me muito pouca vontade de fazer o que quer que seja.
Dá-lhe pouca vontade de investir em Portugal? Recentemente disse que queria vender tudo o que tem no país.
Dá-me vontade de não querer ter nada aqui. Sabe porquê? Porque tento produzir, ser empreendedor no meu país e há sempre alguma coisa que dificulta e que cria má imagem. É isso que me revolta! Não tenho nada contra Portugal. Aliás, não há ninguém mais patriota do que eu! Nem os quase 11 milhões de habitantes juntos gostam mais do meu país! Mas ao estar a tentar produzir e fazer algo de bom em Portugal, há sempre alguém a denegrir, a mandar abaixo, a acusar de estar ligado a isto ou àquilo. As pessoas falam sem saber. Porque é que vou ter estes problemas se posso estar sossegadinho no meu sofá, com a minha família, em Madrid?
Só falta dizer que achou que estava a ser convidado ‘apenas’ para tomar um pequeno-almoço com José Sócrates.
Foi um convite para apoiar a sua candidatura. Já me tinham proposto outras formas de o apoiar, como fazer uma maratona com ele. Mas daí a dizerem que recebi dinheiro para o apoiar… Se tivesse recebido era o primeiro a dizer! Não tinha nada a esconder, nem problemas em assumir que tinha recebido dinheiro. Essas coisas é que me revoltam! Não tenho problemas em assumir as minhas responsabilidades. Sempre o fiz na minha vida. Eu lá preciso de receber dinheiro do primeiro-ministro para o que quer que seja? Porque é que não disseram que recebi dinheiro quando apoiei publicamente o Sampaio ou quando disse que gostava do actual Presidente?
Então porquê?
Porque fui levado por tabela noutros assuntos. Houve pessoas que me quiseram envolver.
Ficou desiludido com Sócrates?
Em que sentido?
Na forma como lidou com esta situação.
Não sei se ele tinha conhecimento de alguma coisa. Agora, na forma como dirigiu o país ninguém pode estar contente com a situação que estamos hoje a viver. Nem eu nem milhões de pessoas que votaram nele.
No outro processo em que esteve envolvido, continua à espera de receber 850 mil euros do BPN?
Faz parte do trabalho que fiz, se houver justiça, penso receber. Hoje em dia é muito fácil ser aldrabão em Portugal. Assina-se um contrato de imagem e por qualquer motivo não pagam e não assumem as responsabilidades. Se eu não pagar o meu financiamento ao banco, penhoram os meus bens. Não apontei uma pistola a ninguém para usarem a minha imagem! Houve interesse mútuo. Leve o tempo que levar estarei cá para ver a decisão.
Este ano celebra os 40 anos. O título de quarentão assusta-o?
Não, pelo contrário. Há que desfrutar o tempo ao máximo e da melhor forma possível. Sinceramente não queria ter nem mais nem menos idade. Cada passo da vida tem a sua importância. Desde que tenha saúde, vivo a vida com o máximo de intensidade.
E sem arrependimentos?
É lógico que sim. Não sou perfeito. Há muitas coisas que faria de forma diferente.
Leia mais na edição impressa do SOL desta sexta-feira.
raquel.carrilho@sol.pt
Não me preocupa. Não devo nada a ninguém. Faço a minha vida como quero, tomo as decisões que quero, graças a Deus sou livre para o fazer. O que me importa é o que a minha família pensa, o resto não me interessa. Claro que, quando jogava, me importava mais. Agora, zero.
Foi justamente a pensar na sua família que quis voltar a estudar e, com a sua mãe, tirou o 12.º ano através das Novas Oportunidades?
A minha mãe foi um exemplo para mim! A geração da minha mãe foi difícil. Eram muitos irmãos e ela teve grandes dificuldades para poder estudar. Depois de velha, arranjou força e motivação para acabar a escolaridade. E eu fiz o mesmo.
Foi fácil regressar aos livros?
Não. Quanto mais velho, mais difícil é aprender, mas tive força de vontade porque era uma lacuna que tinha.
Ao longo desta conversa inúmeras vezes falou com um tom irónico...
Sou bastante irónico.
Parte dessa ironia nasceu do facto de, nos últimos dois anos, a sua imagem ter surgido associada a processos em tribunal relacionados com dinheiro e jogos de influências como o processo BPN e Taguspark?
São coisas que revoltam. Escreveu-se muita merda e eu já não tenho idade para suportar muitas destas coisas. Escreveram-se coisas que não são reais. E, como já disse, para se ser credível demora, para deixar de ser é de um dia para o outro. São coisas que magoam e sente-se a injustiça. Mas tem de se deixar andar porque o tempo põe cada um no seu sítio. É uma questão de esperar. Mas dá-me muito pouca vontade de fazer o que quer que seja.
Dá-lhe pouca vontade de investir em Portugal? Recentemente disse que queria vender tudo o que tem no país.
Dá-me vontade de não querer ter nada aqui. Sabe porquê? Porque tento produzir, ser empreendedor no meu país e há sempre alguma coisa que dificulta e que cria má imagem. É isso que me revolta! Não tenho nada contra Portugal. Aliás, não há ninguém mais patriota do que eu! Nem os quase 11 milhões de habitantes juntos gostam mais do meu país! Mas ao estar a tentar produzir e fazer algo de bom em Portugal, há sempre alguém a denegrir, a mandar abaixo, a acusar de estar ligado a isto ou àquilo. As pessoas falam sem saber. Porque é que vou ter estes problemas se posso estar sossegadinho no meu sofá, com a minha família, em Madrid?
Só falta dizer que achou que estava a ser convidado ‘apenas’ para tomar um pequeno-almoço com José Sócrates.
Foi um convite para apoiar a sua candidatura. Já me tinham proposto outras formas de o apoiar, como fazer uma maratona com ele. Mas daí a dizerem que recebi dinheiro para o apoiar… Se tivesse recebido era o primeiro a dizer! Não tinha nada a esconder, nem problemas em assumir que tinha recebido dinheiro. Essas coisas é que me revoltam! Não tenho problemas em assumir as minhas responsabilidades. Sempre o fiz na minha vida. Eu lá preciso de receber dinheiro do primeiro-ministro para o que quer que seja? Porque é que não disseram que recebi dinheiro quando apoiei publicamente o Sampaio ou quando disse que gostava do actual Presidente?
Então porquê?
Porque fui levado por tabela noutros assuntos. Houve pessoas que me quiseram envolver.
Ficou desiludido com Sócrates?
Em que sentido?
Na forma como lidou com esta situação.
Não sei se ele tinha conhecimento de alguma coisa. Agora, na forma como dirigiu o país ninguém pode estar contente com a situação que estamos hoje a viver. Nem eu nem milhões de pessoas que votaram nele.
No outro processo em que esteve envolvido, continua à espera de receber 850 mil euros do BPN?
Faz parte do trabalho que fiz, se houver justiça, penso receber. Hoje em dia é muito fácil ser aldrabão em Portugal. Assina-se um contrato de imagem e por qualquer motivo não pagam e não assumem as responsabilidades. Se eu não pagar o meu financiamento ao banco, penhoram os meus bens. Não apontei uma pistola a ninguém para usarem a minha imagem! Houve interesse mútuo. Leve o tempo que levar estarei cá para ver a decisão.
Este ano celebra os 40 anos. O título de quarentão assusta-o?
Não, pelo contrário. Há que desfrutar o tempo ao máximo e da melhor forma possível. Sinceramente não queria ter nem mais nem menos idade. Cada passo da vida tem a sua importância. Desde que tenha saúde, vivo a vida com o máximo de intensidade.
E sem arrependimentos?
É lógico que sim. Não sou perfeito. Há muitas coisas que faria de forma diferente.
Leia mais na edição impressa do SOL desta sexta-feira.
raquel.carrilho@sol.pt