Alberto João Jardim - «O PSD não tem juízo!»
por JOÃO CÉU E SILVA, fotografia GUSTAVO BOM Global/Imagens
Quando se explica ao presidente do Governo Regional da Madeira os temas da entrevista, a resposta corta qualquer dúvida pela raiz: «Pergunte o que quiser.» É o género de afirmação que o entrevistador gosta de ouvir e de, durante o diálogo, ver como é que Jardim reage às questões mais inesperadas. Umas vezes faz um breve silêncio para encaixar a pergunta, outras ajeita-se na cadeira e pesa as palavras e, quando acha que foi longe de mais e que pode haver uma suavização das suas palavras, aponta o dedo para o gravador e avisa: «Isto é para sair mesmo como eu disse.» Certo, senhor presidente, será feita a sua vontade e quem se sentir ofendido que reclame directamente para a Quinta da Vigia.
DA VARANDA DO PALÁCIO vê-se o «jardim» que Alberto João, o eterno presidente do Governo Regional, controla há mais de três décadas. Chamam-lhe Madeira e também Pérola do Atlântico, tem hotéis por todo o lado, está furada por dezenas de túneis ligados a viadutos como um queijo suíço e o povo vota sempre nele. Por isso ninguém lhe faz frente na ilha, não teme o Governo da República e aprecia brincar com os primeiros-ministros e presidentes da República que os continentais elegem. Todos sabem que o seu PSD tem o pé bem firme em cada metro quadrado da ilha e que nada se faz sem a sua aprovação, mas ninguém lhe encontra os escândalos que envolvem a classe política portuguesa nem lhe apontam um enriquecimento por favorecer interesses.
Este fim-de-semana, Jardim recebe José Sócrates, o seu mais recente amigo, que se desloca à região para participar da Festa da Flor, em solidariedade com a tragédia que se abateu em Fevereiro sobre a Madeira. Na semana passada falhou o congresso que entronizava o novo presidente social-democrata. São dois passos da última cartada que joga antes de se reformar de uma vida em grande parte dedicada à política, desde que em Maio de 1974 foi um dos fundadores do PPD.