Tragédia na Madeira
A catástrofe não caiu do céu
Há muito que, em documentos oficiais, se previa uma tragédia como esta. O Ministério Público vai apurar se a negligência das autoridades regionais pode ser classificada como "um crime".
Patrícia Fonseca 16:29 Quarta-feira, 24 de Fev de 2010 | |
A possibilidade de ocorrer uma aluvião como a que assolou a Madeira, no sábado passado, bem como as formas de prevenir e minimizar os riscos deste tipo de fenómeno, constava de pelo menos quatro estudos técnicos e relatórios oficiais, elaborados nos últimos 17 anos.
O mais detalhado é um documento conjunto do Governo Regional e do Governo da República, financiado pela Comissão Europeia, datado de 2003: no Plano Regional da Água da Madeira (PRAN), concebido por mais de 50 técnicos, descrevia-se em pormenor o tipo de obras e intervenções que deveriam ser efectuadas, de modo a minorar o impacto das cheias repentinas.
Além do alargamento e limpeza regular dos leitos das ribeiras, era também sugerida a implementação de sistemas de vigilância e alerta de cheias, bem como a criação de albufeiras, bacias de retenção e estruturas de amortecimento das águas, ao longo dos cursos que rasgam as montanhas que abraçam o Funchal. Nada foi feito.