Há seis anos, no Outono de 2004, almocei com Santana Lopes em S. Bento.
Ele era primeiro-ministro, mas seria demitido meia dúzia de semanas depois pelo Presidente da República.
Na altura, ele não o adivinhava.
Eu, porém, pressentia-o.
Todos os dias alguns dos seus ministros faziam declarações contraditórias, criando um ambiente desvairado de fim de ciclo.
A páginas tantas, a meio do almoço, perguntei-lhe directamente:
- Por que não manda calar os ministros? Diga-lhes para não fazerem declarações públicas.
Mas era já impossível.
A intriga alastrava nos corredores do poder.
Em fins de Novembro, um ministro muito próximo de Santana Lopes, Henrique Chaves, demitiu-se.
Aí percebi que era o fim.