foto RODRIGO CABRITA/GLOBAL IMAGENS |
Cavaco Silva e Manuel Alegre no último debate presidencial |
"Eu acho que em política, mesmo em campanha eleitoral, não pode valer tudo e o expediente de que o professor Cavaco Silva se socorreu para introduzir o BPN na campanha é um acto de puro maquiavelismo político", argumentou.
O dirigente socialista Luís Capoulas Santos falava à Agência Lusa a propósito da polémica criada com a declaração de Cavaco Silva no último debate televisivo com Manuel Alegre.
O candidato e actual presidente da República disse estar surpreendido com a incapacidade da actual administração em recuperar o BPN, gerido pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) desde 2008, e fez uma comparação com os bancos ingleses.
Capoulas Santos lembrou que, "quando estourou o escândalo" do BPN, "envolvendo pessoas próximas" de Cavaco Silva, este, para não se pronunciar, "sempre se escudou no facto de se tratar de algo que estava a ser investigado pela justiça".
"Agora, quando confrontado com a incomodidade do assunto, fez uma fuga para a frente lamentável", traduzida em "lançar na lama o prestígio profissional da administração da CGD que, por acaso é presidida por um seu antigo ministro e, ao que julgo saber, membro da sua comissão de honra da candidatura", criticou.
Segundo Capoulas Santos, Cavaco Silva procurou "desviar o assunto", ao lançar "esta suspeição sobre quem está a tentar fazer quase o impossível", o que é "eticamente reprovável e incompatível com a atitude de isenção e a atitude ética que é exigível" a um chefe de Estado.
O vice-presidente do PS considerou "absolutamente lamentável" que Cavaco Silva não olhe "a meios para atingir fins". "Penso que se trata de um expediente para evitar ser confrontado com aquilo que é verdadeiramente incómodo para ele", insistiu o dirigente do PS.
E o que é incómodo, disse, é "o silêncio a que se remeteu" Cavaco Silva, "durante meses, quando estavam em causa as poupanças de milhares de cidadãos incautos que as confiaram ao BPN, porventura confortados com as pessoas que o dirigiam e até com a sua proximidade" ao presidente da República.
O "expediente", acrescentou, serve ainda "para não explicar aquele incidente que, sobre ele, foi lançando", em relação à "forma como comprou e como vendeu, de forma aparentemente pouco ortodoxa, ações da sociedade que era detentora do banco".