O primeiro-ministro José Sócrates , em entrevista ao "DN", recusa falar numa eventual remodelação governamental, frisando que "os problemas da governação não são enfrentados com remodelações".
Em entrevista ao "DN" e "TSF", o primeiro-ministro nunca admite se chegou a pensar em fazer uma remodelação governamental, mas refere que "as remodelações tão faladas destinam-se apenas a um efeito político que permita enfrentar momentos de difícil popularidade".
Para José Sócrates, "o dever de um governo é concentrar-se naquilo que tem de fazer, que é, em primeiro lugar, proteger o nosso país".
Quando questionado se pensou nas últimas semanas na possibilidade de remodelar o governo, o primeiro-ministro responde, sem responder: "Está a fazer a pergunta, justamente, àquele que não deve responder a essa pergunta! Sou o único que pode fazê-la e que pode considerar essa possibilidade. Neste momento, é este Governo que está em funções e que vai enfrentar os problemas da governação".
As declarações de Sócrates surgem no mesmo dia em que o Expresso revela um estudo de opinião em que a maioria dos inquiridos propõem a remodelação do governo, tendo à cabeça os ministros António Mendonça (Obras Públicas), Teixeira dos Santos (Finanças), Vieira da Silva (Economia), António Serrano (Agricultura) e Ana Jorge (Saúde), Rui Pereira (Administração Interna), Helena André (Trabalho) e Santos Silva (Defesa).
Sócrates e o FMI
Numa entrevista desdobrada em dois dias (hoje sobre atividade do governo, amanhã o "DN" publica a parte dedicada a questões políticas) o primeiro-ministro rejeita ainda a entrada do FMI em Portugal.
"Não temos nenhum problema que exija recorrer ao Fundo Monetário Internacional, o nosso problema é apenas um problema orçamental que temos de corrigir, tal como outros países têm! Quem não percebe o que estamos a viver, é uma questão sistémica, que diz respeito ao euro, não percebeu nada da crise. Se alguém acha que isto é um problema deste país ou daquele, não está a ver como a crise da dívida soberana está a afetar o euro! É um problema de todos os países europeus e acho que devemos fazer o possível para o combater em conjunto", afirma o primeiro-ministro.
O primeiro-ministro afirma ainda que a grande obra dos seus seis anos de governo "foi, sem dúvida, a aposta no conhecimento, na inteligência e na qualificação dos portugueses".