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Em “relação às contas na Suíça, julgo que o assunto está mais do que esclarecido.
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E na ambição também, que indignamente
Tomais mil vezes, e no torpe e escuro
Vício da tirania infame e urgente;
Porque essas honras vãs, esse ouro puro,
Verdadeiro valor não dão à gente.
Melhor é merecê-los sem os ter,
Que possuí-los sem os merecer.
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Cavaco acusa administração do BPN pelo falhanço da recuperação
http://www.publico.pt
O ainda Presidente da República e recandidato usou mesmo o caso de Inglaterra para questionar em directo na RTP a actuação da administração do BPN já quase no final do último frente-a-frente eleitoral, moderado por Judite de Sousa, que o opôs ao Manuel Alegre na RTP1.
Foi o mais político dos frente-a-frente desta campanha e aquele em que a linha divisória do posicionamento ideológico dos dois candidatos foi mais visível. E foi aquele em que quer Cavaco quer Alegre surpreenderam. Cavaco pela agressividade. Uma táctica de debate que procurou inverter a atitude defensiva e autojustificativa que adoptou face aos outros candidatos. De forma paternalista acusou Alegre de mentir e de não estar informado.
Já Alegre surpreendeu pela forma elegante com que ignorou a crispação de Cavaco e como nunca se irritou.
E apenas foi dizendo que Cavaco lidava mal com as críticas e com opiniões políticas diferentes.
O único momento em que Alegre usou a acusação directa a Cavaco foi quando levantou o caso das escutas que considerou ter posto em causa o regular funcionamento das instituições e que o Presidente na sua opinião, nunca esclareceu.
Aqui Cavaco ignorou o ataque e apenas disse que Alegre estava mal informado.
A divisória ideológica entre os dois principais candidatos foi a marca do mais político do ciclo de debates.
E foi chamada à colação por Alegre ao assumir-se como senhor de uma “visão mais aberta” e “progressista” e ao lembrar as posições de Cavaco contra leis de costumes como a da despenalização do aborto, da procriação medicamente assistida e a do divórcio.
Esta divisão manifestou-se depois no papel do Estado e do Presidente face aos mercados e à crise económica – em que Alegre defendeu a necessidade de o Presidente ser uma voz activa de defesa dos interesses de Portugal e em que sustentou ainda a necessidade de que sejam revistas as soluções para a crise pelos dirigentes políticos da Europa já que se trata de um problema político. Cavaco explicou que a posição do Presidente em matéria de política externa tem que ser coordenada com o Governo. E insistindo na tese de que os responsáveis portugueses não podem afrontar os “credores”, as “companhias de seguros, fundos de pensões e bancos” de quem o país depende.
Mas a grande divisória foi estabelecida em torno do Estado Social.
Ainda que tenha tentado passar a imagem de que é defensor do Estado Social, Cavaco não conseguiu com clareza fazer a defesa do Estado Social e deixou-se encostar ao assistencialismo liberal. Não conseguiu responder às acusações de Alegre que o colaram a um projecto para “esvaziar os direitos sociais”.
Assim como se limitou a insistir na defesa de um sistema nacional de saúde sem assumir se é a favor da sua universalidade e da gratuitidade, como fez Alegre.
E irritou-se mesmo quando Alegre o colou a soluções assistencialistas de combate à pobreza que põem em causa e tem como fim “esvaziar” os serviços públicos. Numa alusão a uma iniciativa de distribuição das sobras dos restaurantes pelos necessitados que foi apoiada e lançada por Cavaco.